segunda-feira, 17 de março de 2008

Blog: O Diário Pessoal e Público



Quando adolescente adorava escrever diários. Via neles um meio de expurgar os meus medos, dúvidas, amores platônicos e de expor as minhas idéias sobre diversos assuntos; pois era muito tímida e tinha vergonha de compartilhar com os outros os meus sentimentos.


Assim como eu, várias pessoas já tiveram ou, ainda, tem fragmentos da vida registrados em diários. Hábito este, que, por volta dos anos 90, adquiriu novas funcionalidades com o surgimento de blogs, ou seja, diários virtuais que circulam na internet, mesclando diversas linguagens, que vai do estilo jornalístico ao tom melancólico das correspondências.


Coexistindo com a maneira convencional de se fazer diário, o blog traz outra possibilidade de narrar os vários aspectos e impressões da vida. Por meio dele é possível compartilhar, com o outro, sentimentos, idéias e atitudes. Construindo, portanto, uma nova maneira de comunicação, onde os indivíduos, ligados a interesses em comuns, aproximam-se com a intenção de se solidarizar com a causa do outro. O laço social passa a ser emocional.


O blog promove uma rede de relações, construções e significados. Representando na sua forma e conteúdo, os contornos da sociedade contemporânea. Ele consiste no produto e (re) produtor de uma parcela de pessoas que encontra na internet a possibilidade de se comunicar com o outro, de tocá-lo através de uma narrativa particular, que varia desde a confecção de artigos, crônicas, até os relatos autobiográficos.
Se a forma tradicional de fazer diário permite o contato consigo mesmo, estruturando uma relação de caráter solitário e auto-reflexivo, o blog promove o encontro com o outro. Ou melhor, como diz Pierre Lévy: “A humanidade reconecta-se consigo mesma”.


Com os blogs a relação é de teor coletivo, as experiências são partilhadas e a alteridade é tecnologicamente reconstruída. No meio virtual, o diário passa da esfera privada para a pública. A intimidade deixa de ser “una” para ser “multi”, pois todos participam de um mesmo acontecimento.

Um comentário:

Talita Santos disse...

O fato de ter se colocado como personagem no texto foi positivo porque pode causar identificação por parte do leitor e é uma forma diferente de começar o texto. A temática blog foi bem tratada e o link foi bem utilizado.