Para muita gente, o trem é considerado o principal meio de transporte, seja para ir ao trabalho, resolver alguns compromissos pelo Centro da cidade ou, simplesmente, para dá aquela voltinha. A seguir, vejam os relatos daqueles que não vivem sem o trem.
De longe, já se via a massa multicolor de indivíduos descendo, apressadamente, as escadarias da Estação Ferroviária João Felipe. O céu cinzento e as nuvens carregadas no ar davam ao ambiente um tom melancólico, diferente da luminosidade habitual. À medida que se entrava na velha estação, o burburinho de passos, risadas e conversas animadas aumentavam. Porém, em poucos minutos, a tranqüilidade e o silêncio ganhavam espaço, enquanto o trem partia e apitava para outros lugares.
De longe, já se via a massa multicolor de indivíduos descendo, apressadamente, as escadarias da Estação Ferroviária João Felipe. O céu cinzento e as nuvens carregadas no ar davam ao ambiente um tom melancólico, diferente da luminosidade habitual. À medida que se entrava na velha estação, o burburinho de passos, risadas e conversas animadas aumentavam. Porém, em poucos minutos, a tranqüilidade e o silêncio ganhavam espaço, enquanto o trem partia e apitava para outros lugares.
A vendedora de tecidos, Leide de Almeida, 28, há seis anos faz o mesmo trajeto: pega o trem na parada do Araturi rumo ao Centro da cidade, local onde trabalha. “A João Felipe fica próxima ao meu emprego, levo de 35 à 40 minutos para chegar aqui. O trem é rápido e isso facilita minha vida”, conta. Para a estudante Francilene Teodoro, 31, o trem, além de facilitar o dia-a-dia, lhe deixa mais à vontade nas viagens. “Os horários são certos, eu não enjôo como acontece quando estou nos ônibus e não tem aqueles homens pervertidos”, explica ao relacionar os trens da capital aos de São Paulo da maneira como ela ouve falar.
Seu José Vieira da Silva, 82, nativo de Baturité, lembra com saudade da época em que havia os trens interurbanos, “trabalhei quase 18 anos na manutenção da limpeza dessas ferrovias, foi um crime ter acabado com elas. Os ônibus são muito mais caros e perigosos”. Hoje, morando na Vila Manoel Sátiro, seu José pega o trem para vir, também, ao Centro, onde resolve seus “negócios”: “Não há quem possa com os trens da manhã, são lotados demais e é difícil encontrar um lugar para sentar, daí a gente fica batendo os chifres uns nos outros”, ressalta bem-humorado.
O relógio marcava 07h20min da manhã, quando pegamos o trem. O destino traçado seria Parangaba, embora a linha terminasse em Maracanaú. Da janela do vagão, víamos pessoas, casas, árvores e até um cachorrinho desajeitado, passarem correndo por nossos olhares. As rodas da maquinaria deslizavam, potentemente, pelos trilhos, quando a feirante Marina Martins, 25, relatava um pouco de seu dia a dia: “Pego o ônibus umas quatro da madrugada, que sai de Maracanaú, e vou para o Centro vender as minhas mercadorias na praça da Igreja da Sé. Quando dá meio-dia vou para a praça José de Alencar, onde fico até uma da tarde. Depois, pego o trem para voltar para casa”.
Neste dia, Marina não seguiu sua rotina diária porque tinha outros compromissos. Segundo ela, andar de trem é mais vantajoso do que nos transportes coletivos: “Me sinto mais segura em andar de trem, pois ele vem direto e a gente não tem perigo de se perder, sou de Maracanaú e não conheço muito Fortaleza”, diz.
A História pelos Trilhos
A antiga Estação Central de Fortaleza foi inaugurada em 1873 pela E. F. de Baturité. Em 1946 passou a se chamar Professor João Felipe. Dela partem duas linhas de trens metropolitanos: um pela linha Norte (Caucaia) e outro pela linha Sul (Maracanaú). Hoje, possui um total de seis trens, que circulam o dia todo no horário das 05h20min até às 20h20min da noite. O intervalo de um trem a outro varia de 30 á 45 minutos de espera.
Enquete: Afinal, andar de trem é perigoso?
Flávio Freitas, 35, Caucaia
“Nunca presenciei assalto no trem, mas acho errado porque ninguém é revistado antes de passar na catraca. Tanto faz andar de trem ou de ônibus, para quem quer assaltar só precisa da oportunidade e trem e ônibus são oportunidades iguais”.
Francenilda Alves, 38, Pacatuba
“Nunca vi um assalto porque sempre que acontece já tem passado. A única coisa que eu já vi foi uma pedra que agarrou num homem, porque quando o trem passa nos bairros, as crianças gostam de jogar pedra”.
João Alves, 76, Caucaia
“No ônibus é mais fácil a violência, o trem já é menos, pois ele tem horário certo de ir e voltar. Tem guarda dentro e nas paradas do trem, eles observam quem entra e quem sai”.
Paulo Barbosa, 40, Fortaleza
“A segurança nos trens melhorou bastante depois das novas composições. Antes as portas ficavam abertas e o risco de assaltos era maior. Além disso, tinha o problema do “pingente”, que são aquelas pessoas que ficavam penduradas nas portas. O problema maior, hoje, é a falta de educação das pessoas que ficam pichando os acentos do transporte”.
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